Erva-daninha, nunca teve primavera
Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta.
Pés no chão, nunca teve bicicleta
Já Hugo não nasceu, estreou
Pele branquinha, nunca teve inverno
Tinha pai, mãe, caderno e fada-madrinha
Vitor virou ladrão
Hugo salafrário
Um roubava por pão
O outro para reforçar o salário
Um usava capuz
O outro gravata
Um roubava na luz
O outro em noite de serenata
Um vivia de cativeiro
O outro de negócio
Um não tinha amigo, parceiro
O outro sócio
Retrato falado, Vitor tinha cara na notícia
Enquanto Hugo fazia pose pra revista
O da pólvora apodrece impenitente
O da caneta enriquece impunemente
A um, só resta virar crente...
O outro é candidato a presidente...
Os miseráveis - Vitor Hugo
Já é todo controlado o sistema de governo.
Dez por cento do povo sabendo,
e o resto assiste televisão, vai vendo...
RZO